terça-feira, junho 19, 2007

‘Os bebés mamam por muito mais do que simples alimentação, e as mães não dão de mamar apenas por obrigação’

Porquê amamentar por mais de um ano?

Bem, não vamos sequer falar nas vantagens da amamentação durante o primeiro ano, pois estas podem ser encontradas facilmente em todas as linguas e em numerosos sites. Vou sim falar um pouco de uma questão que me colocam repetidamente quando vêm que o T. ainda mama com um ano e tal de idade... Muitas dizem que já é só chucha, outras dizem que não estão para isso, e ainda á quem diga que não serve para nada. Pois bem, não só não concordo com estes argumentos, como também há numerosos estudos que os contradizem. Por isso, tentei fazer aqui um resumo de alguma da informação que me passou pelas mãos e pareceu-me util. Para que outras tenham esta possibilidade. Mesmo que não houvessem todas estas vantagens médicas, psicologicas, fisiológicas, monetárias, etc. eu ainda assim provavelmente daria de mamar, simplesmente porque eu e o Tiago gostamos muito de o fazer.

Gostava ainda de dizer, que acima de todos os argumentos acredito na liberdade individual para cada um fazer o que lhe der na real gana... acredito também que é importante ter accesso a diferentes fontes de informação, antes de se tomar qualquer decisão. Sendo assim, também considero que as mães não se classificam segundo o tempo de amamentaão. Como uma avó que está aqui ao meu lado afirma, cada uma deve fazer aquilo que acredita e que melhor lhe parece J

Clinicos (médicos):

-Em termos nutricionais, o segundo ano de amamentação é similar ao primeiro ano, i.e. o leite materno continua a ser uma fonte importante de proteinas, calorias, calcio e vitaminas.

- O amamentação prolongada diminui os riscos de obesidade infantil posterior (Pediatrics, 2005) e favorece o desenvolvimento intectual das crianças (de quando as crianças têm 8-9 anos).

-Em termos imunitários, á medida que o bebé começa a comer outros alimentos e diminui a quantidade de leite materno ingerido, aumenta a quantidade de factores imunitários presentes no leite materno, i.e. mesmo uma pequena toma de leite materno diário, contribui para um aumento significativo de imunidade (resistência a doenças).

- Quanto mais tempo dermos de mamar, menor é a probabilidade de contrair-mos uma série numerosa de cancros e doenças afins (como por exemplo o Diabetes tipo II: cada ano adicional de amamentação reduzio cerca de 15% a probabilidade de contrair a doença, a artrite-reumatoide em que se verificou uma redução de 30%, pela amamentação de 12-23 meses, enquanto 24 meses reduz 50% o risco de ter a doença).

Psicologicos:

-Alguns trabalhos consideram que o desmame forçado pode provocar traumas no bebé e na mãe. A amamentação, como referimos, é mais do que preecher as necesidades nutricionais, é o um importante vector de conforto, prazer e comunicação entre a mãe e o bebé.

-Considera-se também que a amamentação prolongada aumenta a forma positiva como nós, as mães, vemos os nossos filhos assim como promove a confiança mutua. De dados, eu não sei, mas é verdade que dar de mamar tranquilizanos muito, sobretudo nos piores momentos. Por mais irritadas ou cançadas que estejamos, no momento em que pomos o bebé no peito a mamar, todos os problema desaparecem, e um estado zen surge no horizonte, as zangas e os disparates do bebé são deste modo racionalmente apaziguados.

- Os bebés adoram mamar, e nós as mães adoramos fazer-los felizes. Porque então não lhes damos este gosto? Quem me dera poder acalmar o meu filho de uma forma tão simples e eficiente no resto da sua vida. Digo sempre que ainda hei-se ter saudades do tempo em que todos os males na vida do meu gaiato desapareciam com um pouco de maminha....

- O aleitamento favorece o estado psicologico da mãe e evita depressões.

Económicos:

-motivos economicos: os leites de transição são caros [adicionar preços]. Já pensou no que pode comprar para o seu bebé com o dinheiro que vai poupar em leite? E o tempo? O tempo que se gasta a preparar os biberons, o trabalho que dá... enfim, uma trabalheira e um dinheiral J

Bibliograficos:

-A OMS (Organização Mundial da Saúde, http://www.who.int/topics/breastfeeding/es/), a UNICEF (http://www.unicef.pt/) e numerosas instituições internacionais recomendam (das quais se destaca sem duvida a LLL, http://www.lalecheleague.org/) 6 meses de amamentação exclusiva e um minimo de dois anos de amamentação.

Porque o desmame a uma determinada idade?

Gostava ainda de perguntar onde estão os estudos que determinam as vantagens do desmame no primeiro ano? Com que bases foi estabelecido esta data? Biológicamente, tengo em conta a nossa espécie e a próximidade com outros grupos, calcula-se que os bebés humanos mamariam cerca de 4-5 anos... apesar de que não estou a pensar em fazer-lo J

Problemas com a amamentação e onde obter mais informação:

Se quer continuar a dar de mamar, e por qualquer motivo acha que não pode (acha que ficou sem leite, o bebé parece que não quer mais, acha que não tempo para isso, têm dificuldade em compatibilizar com o seu trabalho, ou por qualquer outro motivo) pense duas vezes e consulte quer bibliografia quer algun dos numerosos grupos de apoio á lactancia presentes em Portugal. Recomendo vivamente o site da La Leche League e o da ALBA (http://www.albalactanciamaterna.info/). Esta excelente associação Catalã dispoem de numerosos dossiers para consulta, sobre varios temas, nomeadamente coma dar de mamar a dois bebés ao mesmo tempo (em tadem), introduzir a comida, problemas na amamentação, etc. Esta associação dispoem ainda de uma lista de medicamentos e productos classificados com base na sua compatibilidade com a amamentação. Em Portugal ...

Interessante ainda são histórias de mães adoptivas que dão de mamar aos seus filhos adoptados (sem duvida, uma perserverancia sem limites) ou de mães com cinco gémeos, todos amamentados...

A maior parte deste texto foi traduzido da LLL internacional. Lá poderão encontrar todas as referencias médicas aos estudos, etc. Também recomendo dois livros fabulosos que li sobre estes temas, ‘o mi niño no me come’ de Carlos Gonzalez (pediátra espanhol) e o ‘mãe pela primeira vez’ de Gro Nylander (médica Norueguesa, directora do hospital pediátrico de Oslo).

http://www.lalecheleague.org/NB/NBextended.html

http://www.lalecheleague.org/ba/May06.html

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‘...Apenas uma em cada cinco mães portuguesas cumpre as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) no que diz respeito à amamentação dos filhos. Ou seja, alimenta os bebés exclusivamente a peito até aos seis meses de idade. O cenário é muito preocupante, diz o especialista Nuno Montenegro, até porque mais de metade das mães abandonam a amamentação antes de o bebé ter dois meses....
...
Por exemplo, uma das dez medidas preconizadas pela OMS é "dar de mamar sempre que o bebé queira", mas, garante Nuno Montenegro - que é também um dos responsáveis do projecto Geração XXI -, "quase ninguém faz isso", até porque os pediatras tendem a impor um esquema horário da amamentação. "Mas não se deve esperar pelas horas: se o bebé pede é porque tem
Cerca de 60% das mães que deixam de amamentar ainda antes dos dois meses de idade afirmam que a razão está na "insatisfação" do bebé. Mas, diz o especialista, "isto só demonstra que é necessário informar as mães sobre como devem amamentar e que devem insistir, porque na maior parte destes casos não acredito que haja de facto problemas com o leite da mãe. Mas se ela não insistir, o leite acaba." Ainda assim, aos seis meses de idade, há cerca de 40% de bebés a serem alimentados pela mãe. A OMS recomenda ainda a amamentação até aos dois anos de idade, acompanhada de outros alimentos.
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Para além de facilitar a recuperação da imagem corporal da mãe e diminuir a probabilidade de ela vir a sofrer de cancro da mama, o aleitamento materno tem várias vantagens para o bebé, nomeadamente a prevenção de infecção e alergias. Por outro lado, esclarece o folheto que é distribuído no Hospital S. João, o leite da mãe é grátis e está à temperatura ideal. É ainda ecológico, já que não gasta recursos da terra nem implica embalagens.

Elsa Costa e Silva, DN 2.8.2006

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Estudo com 460 mulheres portuguesas:

http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v23n3/v23n3a04.pdf

Todos estes motivos apresentados pelas mulheres podem ser superados através do accesso á informação adequada e com auxilio de grupos de apoio.

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ALBA:

‘Asi mismo, en estudios de tipo empirico como el realizado en Nueva Zelandia por
Fergusson y colaboradores (1987) se observó que si se controlan una serie de variables de
confusión, no existe evidencia para sostener que la lactancia materna prolongada se asocia
con problemas de desajuste social en niños de 6 a 8 años de edad. Además demostraron que
estos niños, amamantados en forma prolongada, cuando llegan a la edad de 15 a 18 años
presentan mejores niveles de apego a sus padres y consideran a sus madres menos
sobreprotectoras pero que se ocupan más de su cuidado, si se los compara con jóvenes que
cuando bebés fueron alimentados artificialmente (Fergusson et al. 1999).’

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